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sábado, julho 23, 2005

Retrato de nós próprios

"Porque o facto significativo acerca dos portugueses é que eles são o povo mais civilizado da Europa. Eles nascem civilizados porque nascem aceitadores de tudo. Neles nada há do que os antigos psiquiatras costumavam chamar misoneísmo, o que significa apenas ódio às coisas novas; gostam francamente de mudar e do que é novo. Não possuem elementos estáveis, como os franceses, que só fazem revoluções para exportação.Os portugueses estão sempre a fazer revoluções. Quando um português se vai deitar faz uma revolução porque o português que acorda na manhã seguinte é diferente. É precisamente um dia mais velho, um dia mais velho sem dúvida nenhuma. Outros povos acordam todas as manhãs no dia de ontem; o amanhã está sempre a vários anos de distância. Mas não esta tão estranha gente. Move-se tão rapidamente que deixa tudo por fazer, incluindo ir depressa. Não há nada menos ocioso que um português. A única parte ociosa do país é a que trabalha. Daí a sua falta de evidente progresso."

Álvaro de Campos, Fragmentos in LANCASTRE, Maria José de, Fernando Pessoa Uma Fotobiografia, p.33

1 Comments:

At 3:31 da tarde, Blogger heidy said...

Eu gosto muito do Maçon Fernando Pessoa ( a sério). Mas ele tinha um ligeiro problema. Não saía muito do seu quartito. Civilizado? bem.. desde os anos 30 até agora, mudou muito.
Inventou-se a bomba atómica; o Bush é Presidente; a familia Soares assaltou o poder... fez-se uma revolução dos cravos (ainda levei com um na tola). Quem era rico, mais rico ficou; quem era pobre, mas pobre ficou.
Não tenho aulas de etiqueta com a bobonne. E ainda consigo ver putos às 7 da manhã a dormirem na rua(tirando a parte, dos romenos no metro, embora agora, seja tempo de férias, e está um pouco melhor). Civilização implica o quê exactamente? estou confusa! Ora os EUA ( e lá volto eu à carga), dizem que são civilizados (apesar da sua democracia ancestral), e no entanto têm problemas dentro da sua sociedade; os arabes idem... aqui ainda não temos ninguem a atirar nas escolas, mas temos os arrastões invisiveis.... os assaltos nos comboios; a miséria em tantas zonas do nosso pequenito país, etc.
Estou mesmo connfusa. Mas mal por mal, prefiro viver aqui. Afinal ainda nos divertimos com os nossos politicos. E estamos tão ocupados a pensar em como iremos estar amanhã, que não temos muito tempo para pensar no que está mal.
Bem haja os palhaços nacionais.

 

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